Elsa Shiaparelli

"Quando o vento arranca o chapéu da sua cabeça e o faz voar cada vez mais longe, é preciso correr mais rápido que o vento para alcançá-lo. Eu sempre soube que para construir mais solidamente, às vezes somos obrigados a destruir, a fim de estabelecer uma nova elegância para as maneiras brutais da vida moderna."

Elsa Schiaparelli foi uma estilista nascida no Palazzo Corsini, em Roma, dia 10 de setembro de 1890. Seu pai era decano da Universidade de Roma e uma autoridade em sânscrito. Era neta do famoso astrônomo, que descobriu os canais de Marte, Giovanni Schiaparelli com quem passou parte do tempo estudando os céus. Estou filosofia na Universidade de Roma quando publicou um livro de poesia erótica, chocando a família conservadora que a mandou para um convento. Aos 22 anos aceitou um convite para ser babá em Londres quando teve sua primeira oportunidade no mundo da moda, sendo convidada a um baile em Paris.
Foi em Londres também, que conheceu o seu marido. Elsa e o filósofo e jogador Willy de Kerlor se casaram em 1913. O casal se mudou para Nova Iorque aonde tiveram uma filha, a Gogo, que depois lhe daria uma neta, a atriz Marisa Berenson. O casamento não durou muito e Schiaparelli e sua filha pequena voltaram pra Franca em 1922.
Encorajada pelo estilista e amigo pessoal Paul Poiret, em 1927 abriu sua primeira boutique, uma loja chamada Pour Le Sport. Sua primeira coleção foi lançada em 1929 e foi um verdadeiro sucesso.
Inovou quando contratou artistas plásticos e outros famosos para criarem acessórios e tecidos para a sua marca, como o pintor Salvador Dali e Jean Cocteau.
Com Dali, que foi o artista que ela mais se identificou, criou o chapéu-sapato, a bolsa em forma de telefone, o tailleur escrivaninha com vários bolsos em forma de gaveta, o vestido de seda pintado com moscas e o vestido decorado com uma enorme lagosta.
Suas criações também ficaram marcadas pelos movimentos artísticos do cubismo e do surrealismo, assim como estampas de jornal em lenços.
Suas coleções possuíam sempre dois temas dominantes. Uma de suas coleções preferidas era a do circo com cavalos, elefantes, acrobatas bordados em muitas peças como boleros, botões de cabeças de palhaços e chapéu em forma de sorvete.
Outra coleção interessante foi a inspirada na astrologia. Uma luxuosa capa com enormes signos bordados em ouro se destacava, assim como o motivo Phoebus, que se tratava de um sol radiante sobre um tecido rosa-choque.
Além de suas criações ela inovou também nos materiais que usava para tornar seus sonhos surrealistas executáveis, como zíper, crepe de seda, celofane.
Em 1933, introduziu a chamada manga pagode, influenciada pela moda egípcia e os ombros largos que mais tarde caracterizariam o chamado New Look. Lançou, ainda, broches fosforescentes, botões semelhantes a pesos, cadeados nos casacos e tingimento de peles.
Seu estilo moderno a fez criar um tom de rosa arrebatador, o qual ela chamou de shocking. A cor nova foi usada em várias criações como chapéus e longas capas.
Apesar de ter tido como clientes atrizes como Greta Garbo, Joan Crawford, Katherine Hepburn, Glória Guinness e Carole Lombard, Schiaparelli não fez muitos figurinos para cinema. Seus maiores sucessos foram em 1937, com o filme Every Day´s a Holiday e em 1952 com os filmes Artists and Models e Moulin Rouge.
Uma outra grande cliente de Ship foi a duquesa de Windsor, para quem criou especialmente o vestido com uma lagosta aplicada, inspirado na escultura de seu grande amigo Dalí, que consistia em uma lagosta sobre um telefone.
Em 1938 lançou um perfume com o mesmo nome da cor criada, Shocking. O frasco foi desenhado pela pintora surrealista Leonor Fini e tinha o formato do torso da atriz Mae West.
Para Shiap, como era conhecida em Paris, a moda e a arte sempre caminharam juntas. Viveu o auge do sucesso durante a década de 30 e teve como maiores rivais as estilistas mademoiselle Coco Chanel e mademoiselle Vionnet, o trio da alta costura parisiense da época, já que ambas criavam roupas funcionais para a mulher moderna, enquanto Shiap criava modelos surrealistas e exóticos.
Durante a 2ª Guerra Mundial, decidiu fechar sua maison. Proferiu palestras nos Estados Unidos e assim decidiu contribuir com os esforços antinazistas do país.
Em 1945 retornou a Paris e decidiu reabrir sua maison, já que a mesma havia sobrevivido aos anos de conflito. Nessa época passaram pelo seu ateliê, que ficava na esquina da Place Vendôme, estilistas famosos como Givenchy e Cardin.
Em 1946, Salvador Dalí desenhou o frasco de um novo perfume, o "Roi-Soleil".
Em 1949 abriu uma loja filial em Nova York que vendia coleções de prêt-à-porter, uma linha de malas e frasqueiras.
Com problemas financeiros e pessoais, resolveu fechar sua maison em 1954 realizando um último desfile. Em seguida lançou um livro de memórias intitulado Shocking life.
Elsa Shiaparelli faleceu em 13 de novembro de 1973 com 83 anos.


Texto de Flávia Gnone